Transplante cardíaco: guia rápido e prático

Se o seu coração não aguenta mais, o transplante pode ser a solução. Aqui a gente explica de forma simples o que acontece, quem pode ser candidato e como você pode ajudar. Nada de termos complicados, só o que realmente importa para quem está pensando no procedimento ou quer entender melhor.

Quem pode receber um coração?

Não basta só estar doente; o médico avalia idade, estado geral de saúde, presença de outras doenças e a capacidade de seguir o tratamento pós‑cirúrgico. Em geral, pacientes entre 18 e 65 anos, sem infecções graves ou câncer ativo, têm mais chance de entrar na lista de espera.

Como funciona a doação de órgãos?

Quando alguém morre em condição de parada cardíaca ou brain death, a equipe de transplante verifica a viabilidade do órgão. Se o coração estiver saudável, ele pode ser retirado e transportado em até quatro horas para o hospital que tem o paciente na lista. Cada doação salva até duas vidas, porque o coração pode ser usado por quem realmente precisa.

O processo de espera é controlado por um algoritmo que combina sangue, tamanho e urgência. Quando um coração compatível aparece, o hospital recebe um alerta e o cirurgião se prepara para operar. O tempo de espera pode ser de meses a anos, dependendo da disponibilidade e da gravidade do caso.

A cirurgia em si dura entre quatro e oito horas. O coração doado é conectado ao paciente, e o antigo é removido. O procedimento é delicado, mas os avanços em anestesia e monitoramento reduzem bastante os riscos. Logo após, o paciente vai para a UTI, onde a equipe acompanha sinais vitais, rejeição e possíveis infecções.

A recuperação envolve uso constante de imunossupressores – remédios que evitam que o corpo rejeite o novo coração. Esses fármacos podem ter efeitos colaterais, então visitas regulares ao médico são essenciais. A maioria dos pacientes volta ao trabalho ou à escola em seis a doze meses, desde que siga as orientações de dieta, exercício e medicação.

Depois do transplante, mudar alguns hábitos faz toda a diferença. Evite álcool em excesso, pare de fumar, mantenha um peso saudável e pratique atividade física leve, como caminhadas. A alimentação deve ser rica em frutas, verduras e pouca gordura saturada, ajudando a manter o coração firme.

Se você pensa em ser doador, basta registrar seu consentimento no Cartão Nacional de Doação de Órgãos (CND). A decisão pode ser feita ainda em vida, ou pelos familiares em caso de falecimento. Conversar com a família sobre essa escolha evita dúvidas quando o momento chegar.

Em resumo, o transplante cardíaco salva vidas, mas depende de doadores, de um sistema bem organizado e de pacientes comprometidos com o pós‑operatório. Quer saber mais? Procure o hospital mais próximo, converse com seu cardiologista e, se possível, registre-se como doador. Cada passo conta para transformar essa esperança em realidade.

Anne-Marie Garnero: a dolorosa luta de uma adolescente após transplante cardíaco

Anne-Marie Garnero, filha da modelo Schynaider Moura, faleceu aos 16 anos após parada cardíaca em São Paulo. Diagnosticada com dilated cardiomiopatia, recebeu um transplante cardíaco em 2022 e inspirou o apresentador Faustão. Seu caso reacende o debate sobre doação de órgãos e os desafios dos jovens pacientes cardíacos.