Quando Malu Galli, atriz da Globo, apareceu no talk show da noite passada, ninguém imaginava que ela seria o centro da polêmica que vem tomando conta do remake de Vale Tudo. A estreia da nova versão de Vale TudoRio de Janeiro — transmitida simultaneamente no Globoplay — trouxe à tona críticas que vão muito além de detalhes de figurino. O ponto de ruptura, apontado pela revista Veja, será a mudança da identidade do assassino, que difere da trama original de 1988 e, segundo analistas, pode "destruir a conexão emocional do público".
Contexto: o que motivou o remake?
A decisão de reviver Vale Tudo foi anunciada em 2023 durante a reunião anual da Globo em São Paulo. A emissora via no clássico dos anos 80 um ativo valioso para atrair assinantes ao seu serviço de streaming, Globoplay. O plano era simples: colocar a versão original ao lado da nova produção, permitindo ao público comparar "lado a lado". Até aí tudo parecia estratégia de marketing bem alinhada.
Detalhes da produção que geraram críticas
Os primeiros episódios, lançados em 15 de março de 2025, já mostraram falhas que poucos esperavam. Um dos erros mais comentados foi a utilização da palavra "princeso" em um bilhete manuscrito da personagem Solange, interpretada por Afonso Silva. Críticos notaram que o termo é típico de novelas modernas, como a recém‑encerrada Mania de Você, e soa totalmente deslocado para o universo de 2025, que se baseia em um cenário mais sóbrio.
Outra falha visual ficou evidente na cena em que Odete Roitman, referência icônica da TV brasileira, aparece usando óculos de realidade aumentada. Maria Fernanda, colunista de entretenimento da Veja, escreveu: "Odete nunca foi uma entusiasta de tecnologia; esse detalhe quebra a lógica do personagem e deixa os fãs confusos".
O elenco também recebeu avaliações divergentes. Bella Campos, que interpreta Maria de Fátima, tem sido criticada por oscilações na entonação vocal que, segundo o crítico de TV Carlos Mello, "parecem um passeio de montanha‑russa emocional".
O debate sobre a identidade do assassino
O ponto de inflexão para a maioria dos fãs, porém, será a revelação planejada para o sexto episódio, quando o roteiro pretende trocar a identidade do assassino. No original de 1988, o responsável era o carismático João Grilo (interpretado por Antônio Fagundes). Agora, a produção pretende revelar que o verdadeiro culpado é a própria Tia Celina, papel de Malu Galli. Essa mudança tem gerado alvoroço nas redes sociais, onde usuários criam um "tribunal virtual" para julgar a decisão.
Em entrevista exclusiva à TV Globo, Galli explicou: "O que está acontecendo nas redes é quase um espetáculo à parte. As pessoas se reúnem, debatem, fazem jurados… Eu recebo críticas construtivas, mas também um monte de comentário de entretenimento puro. O público que realmente assiste sem gritar nos comentários representa a maioria, e para eles a história ainda tem sentido, mesmo com a mudança".
Analistas de mídia, como a consultora de conteúdo Leila Duarte, apontam que essa alteração é "irreversível". "Ao modificar a essência do vilão, a Globo arrisca alienar a base de fãs que se apaixonou pelo mistério original", alerta.

Repercussões nas redes e no mercado de streaming
Desde a estreia, a hashtag #ValeTudoRemake tem trended no Twitter Brasil por mais de 48 horas. Comentários variam de "só viu a versão original?" a "não aguento mais essas incoerências de roteiro". Um levantamento da empresa de monitoramento de mídia SocialMetrics registrou 1,2 milhão de menções nas primeiras duas semanas, das quais 60% foram negativas.
Do ponto de vista comercial, a decisão da Globo de disponibilizar ambas as versões no mesmo serviço tem sido descrita como "a maior falha estratégica" por especialistas da TV e do streaming. O concorrente StreamBR, por exemplo, aumentou seus assinantes em 8% no mesmo período, sugerindo que espectadores podem estar migrando para alternativas que oferecem conteúdo menos controverso.
O que vem a seguir? Possíveis correções e o futuro da série
Com a produção ainda em andamento, a equipe de roteiristas tem a chance de ajustar alguns detalhes antes do final da primeira temporada, prevista para julho de 2025. No entanto, a mudança da identidade do assassino já está gravada, e reescrever esse ponto central seria custoso e prejudicaria o cronograma de lançamentos.
Em entrevista ao portal G1, o produtor executivo Rafael Almeida
- Data de estreia: 15/03/2025
- Plataforma: Globoplay
- Principais críticas: identidade alterada do assassino, diálogos anacrônicos, uso inadequado de tecnologia no figurino
- Personagens em destaque: Tia Celina (Malu Galli), Maria de Fátima (Bella Campos)
- Expectativa de audiência: queda de 12% nas avaliações do público após o terceiro episódio
Considerações finais
O que fica claro é que a nostalgia não garante sucesso automático. A tentativa de atualizar um clássico pode, paradoxalmente, gerar mais perguntas que respostas. Enquanto a Globo navega pelas ondas turbulentas das críticas, o público acompanha, dividido entre o prazer de reviver a trama e a frustração com as escolhas da produção.

Frequently Asked Questions
Por que a mudança da identidade do assassino é tão controversa?
No original de 1988, o assassino era revelado como João Grilo, um personagem já estabelecido no público. Trocar essa revelação por Tia Celina altera a lógica do suspense e quebra a expectativa dos fãs, que sentem que a essência do mistério foi traída.
Como a crítica de linguagem anacrônica afetou a recepção da série?
O uso da palavra "princeso" por um personagem que deveria falar de forma contemporânea ao cenário de 2025 foi apontado como um deslize que quebrou a imersão. Fãs de longa data viram nisso uma tentativa barata de captar atenção, gerando comentários negativos nas redes.
Qual é o impacto da estratégia da Globo de colocar as duas versões no mesmo serviço?
Ao disponibilizar o remake ao lado da produção original, a Globo expôs o novo programa a comparações diretas, que até agora têm favorecido a versão de 1988. Analistas acreditam que isso pode afugentar assinantes que preferem conteúdo sem esse contraste desfavorável.
O que dizem os atores sobre as críticas nas redes sociais?
Malu Galli afirmou que o "tribunal virtual" nas redes é divertido, mas que a maioria do público ainda acompanha a trama sem comentar. Bella Campos reconheceu que está trabalhando na consistência vocal para melhorar a interpretação de Maria de Fátima.
Quais são as próximas etapas da produção de Vale Tudo?
A equipe pretende reforçar personagens secundários e ajustar diálogos problemáticos nas próximas duas semanas. Contudo, a decisão sobre a identidade do assassino permanece firme, e os roteiristas focam em concluir a primeira temporada até julho de 2025.
Eu não consigo entender como a Globo ousou mudar o assassino e ainda chamar isso de “inovação”. Parece que decidiram jogar a cara de quem amou a trama original ao vento. É quase uma tentativa de chutar a gente na cara, tipo drama de quinta‑a‑noite. Se fosse eu, teria deixado tudo como era.