No dia 14 de outubro de 2024, São Paulo testemunhou o primeiro confronto frente a frente entre os candidatos à prefeitura da cidade, Guilherme Boulos do PSOL e Ricardo Nunes do MDB. Transmitido ao vivo pela TV Bandeirantes, o debate teve uma audiência ansiosa por saber como os dois principais candidatos se comportariam sob a pressão de estar nas telas de milhares de paulistanos. As expectativas eram altas, especialmente considerando que Boulos havia se destacado fortemente nas discussões do primeiro turno, enquanto Nunes vinha pedindo por uma redução do número de debates nesta etapa, de onze para apenas três.
O debate foi cuidadosamente estruturado em três blocos, cada um com suas próprias regras e dinâmicas distintas. No primeiro bloco, ambos os candidatos tiveram a oportunidade de responder à mesma pergunta, recebendo dois minutos cada para apresentar suas ideias. Este formato inicial serviu como aquecimento para o que viria a seguir: uma confrontação direta de doze minutos. Durante este tempo, tanto Boulos quanto Nunes puderam realizar perguntas uns aos outros, além de responder e rebater, exigindo uma gestão cuidadosa do tempo para manter a mensagem clara e direta.
No segundo bloco, a responsabilidade por direcionar as discussões foi partilhada com jornalistas do Grupo Bandeirantes. Estes profissionais tiveram a tarefa de fazer perguntas alternadamente aos candidatos, cada um deles recebendo três minutos para responder. Adicionalmente, cada candidato tinha direito a um minuto para comentários e o direito a réplicas e tréplicas. Este bloco não só introduziu novas perspectivas e desafios para os candidatos, mas também ofereceu ao público insights mais profundos sobre suas posições e planos.
O terceiro bloco trouxe de volta o formato de confrontação direta, com mais doze minutos dedicados à interação sem intermediários entre Boulos e Nunes. Esta retomada permitiu que possíveis questões deixadas em aberto pudessem ser abordadas mais uma vez, além de possibilitar uma comparação direta e intensa das propostas e estratégias de cada candidato. Na fase final, cada um deles teve dois minutos para apresentar suas considerações finais, um ponto crucial para tentar conquistar os eleitores indecisos ou reafirmar o apoio dos já conquistados.
O ambiente do debate foi regido por normas rígidas para garantir o respeito mútuo entre os candidatos e a integridade do evento. Gestos desrespeitosos foram proibidos, assim como a exibição de objetos ou documentos durante os argumentos. Linguagem ofensiva também não foi aceita, mantendo o tom civilizado e focado no conteúdo das discussões. Movimentações no palco eram permitidas, mas com a recomendação de evitar reações abruptas enquanto o adversário estava falando, criando assim um espaço de debate mais ordenado e respeitoso.
Além de ser veiculado no canal aberto da TV Band, o debate foi disponibilizado simultaneamente no canal do YouTube da rede, às 22h45 do dia do evento. Esta estratégia de transmissão multimídia garantiu que um público ainda maior pudesse acompanhar o evento ao vivo, refletindo as tendências modernas de consumo de mídia em que a conectividade e a flexibilidade de plataformas desempenham papéis cruciais.
A decisão de Ricardo Nunes de propor uma redução no número de debates para o segundo turno, diminuindo de onze para três, gerou discussões sobre suas motivações. Alegando a necessidade de um cronograma de campanha mais produtivo, essa estratégia pode também ter sido uma resposta ao desempenho expressivo de Boulos nos debates anteriores. Com menos debates, a intensidade e foco de cada evento aumentam, elevando a pressão sobre os candidatos para que façam suas mensagens ressoarem de maneira mais eficaz em cada uma das poucas oportunidades que têm.
Debates eleitorais, como o transmitido pela Band, desempenham um papel fundamental na democracia, proporcionando uma plataforma vital para que os candidatos apresentem suas ideias e argumentos diretamente aos eleitores. Em uma cidade tão complexa e dinâmica como São Paulo, a escolha de um prefeito implica em decisões que afetarão milhões de vidas, tornando esses momentos de confronto direto uma peça crucial do processo eleitoral. Com a crescente polarização política, debates como este também oferecem a possibilidade de dialogar sobre temas essenciais de forma pública, promovendo a transparência e a accountability dos candidatos.