Quando Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) lançou a chamada para 58 vagas de vagas temporárias de Agente de Pesquisa e Mapeamento, o país recebeu mais um sinal de que a máquina estatal está se preparando para um recrutamento ainda maior. As inscrições, realizadas até 10 de setembro de 2025, aconteceram presencialmente nas sedes do órgão e foram gratuitas. O movimento faz parte de uma autorização governamental mais ampla, a Portaria Conjunta MGI/MPO nº 58/2025, assinada Esther Dweck, Ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, e Simone Tebet, Ministra do Planejamento e Orçamento, em 12 de agosto de 2025.
Contexto e justificativa da contratação temporária
A decisão de abrir até 9.580 contratos temporários foi tomada diante de uma demanda “de excepcional interesse público”, segundo o próprio texto da portaria. O IBGE, responsável por censos, pesquisas econômicas e demográficas, precisava reforçar sua força de campo para coletar dados em todo o território nacional. A legislação que embasa essas contratações é a Lei nº 8.745/1993, que permite contratos de até um ano, prorrogáveis por mais três anos, sempre com remuneração dentro dos limites legais.
Detalhes das 58 vagas e distribuição geográfica
Os 58 cargos foram espalhados por 28 municípios de sete estados. Na prática, a distribuição ficou assim:
- Espírito Santo: Colatina (3) e São Mateus (1).
- Minas Gerais: Cambuí (2), Divinópolis (2), Patrocínio (2) e Paracatu (2).
- Mato Grosso: Sinop (2).
- Mato Grosso do Sul: Aquidauana, Ponta Porã e Nova Andradina (1 em cada).
- Paraná: Arapongas (2), Assis Chateaubriand (2), Jaguariaiva (1), Pitanga (1), Rio Negro (1), Santo Antônio da Platina (1), São José dos Pinhais (2), São Mateus do Sul (1) e Telêmaco Borba (1).
- Santa Catarina: Florianópolis (8), Itajaí (1), Lages (5) e São Miguel do Oeste (5).
- São Paulo: Araçatuba (2), Itu (2), Rio Claro (2), São Carlos (2) e São José do Rio Pardo (2).
Essa variedade mostra que o IBGE buscou cobertura estratégica: cidades com alta atividade econômica, pontos críticos para pesquisas agrícolas e áreas onde a presença de equipes de campo costuma ser menor.
Processo seletivo e reservas legais
O edital, divulgado como Aviso de Concurso nº 03/2025, seguiu um procedimento simplificado, mas ainda respeitou a reserva de vagas para pretos e pardos, bem como para pessoas com deficiência (PCD), conforme a Lei de Cotas. Um porta‑voz do IBGE comentou: "Queremos garantir que a diversidade social esteja refletida nas equipes que vão à rua coletar informações. A legislação é clara, e seguimos à risca".
Os candidatos precisaram comparecer pessoalmente a um dos postos de atendimento nas cidades listadas. Não houve cobrança de taxa — um ponto que costuma gerar desconfiança, mas que foi reafirmado pelo órgão como parte da transparência.

Impactos e expectativas para a contratação de 9.580 profissionais
Os 58 contratos iniciais são apenas a ponta do iceberg. A Portaria Conjunta autoriza 8.480 vagas de Agente de Pesquisa e Mapeamento e 1.100 de Supervisor de Coleta e Qualidade. Se tudo correr como previsto, o IBGE poderá ter quase 10 mil profissionais temporários espalhados pelo país, o que deve acelerar projetos como a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) e a atualização do Censo 2022.
Especialistas em políticas públicas alertam que esse reforço pode melhorar a qualidade dos dados, mas também demandará investimento em treinamento. "Contratar em massa é fácil; garantir que todos saibam usar os novos dispositivos de coleta é o verdadeiro desafio", afirma a professora Mariana Lopes, da Universidade Federal de Minas Gerais.
Além disso, o aumento de mão de obra temporária tem reflexos econômicos locais: salário médio de um agente costuma ficar entre R$ 2.000 e R$ 3.500, o que injeta renda nas cidades‑polo. Em Florianópolis, onde oito vagas foram abertas, a expectativa é que a demanda por moradia temporária e transporte anime o mercado nas próximas semanas.
Próximos passos e cronograma
O prazo para publicar o edital da seleção maior ainda não foi definido, mas a própria portaria impõe que isso ocorra em até seis meses após sua assinatura — ou seja, até 12 de fevereiro de 2026. Enquanto isso, o IBGE deve concluir a fase de contratação dos 58 agentes, realizar cursos de capacitação e iniciar as primeiras coletas de campo.
Para quem ainda não se inscreveu, a dica é ficar de olho no Diário Oficial da União e no site institucional do IBGE, onde os próximos editais serão divulgados. O órgão ainda promete anunciar, ainda este ano, o valor da remuneração, que deverá estar alinhado ao teto salarial dos servidores temporários federais.
Perguntas Frequentes
Quem pode se candidatar às 58 vagas temporárias?
Qualquer brasileiro maior de 18 anos, inscrito no CPF, pode se inscrever, desde que declare residência na cidade onde a vaga está disponível. Há ainda cotas reservadas para pretos, pardos e pessoas com deficiência, conforme a legislação de ação afirmativa.
Qual a duração dos contratos e há possibilidade de prorrogação?
Os contratos são inicialmente de um ano, mas podem ser estendidos por até três anos adicionais, totalizando, no máximo, quatro anos de vínculo, tudo dentro dos limites estabelecidos pela Lei nº 8.745/1993.
Como a contratação de 9.580 profissionais pode impactar a coleta de dados do IBGE?
A ampliação da força‑campo deve reduzir o tempo de coleta das pesquisas nacionais, melhorar a cobertura geográfica e elevar a confiabilidade das estatísticas, o que beneficia desde políticas públicas até decisões de investimentos privados.
Quando será anunciado o edital para as 9.580 vagas?
A Portaria Conjunta exige a publicação do edital dentro de seis meses da sua assinatura (12 de agosto de 2025). Portanto, espera‑se que o edital seja divulgado até fevereiro de 2026.
Qual a remuneração prevista para os agentes?
O valor ainda não foi divulgado, mas o IBGE afirmou que o salário ficará dentro do limite legal para servidores temporários, geralmente entre R$ 2.000 e R$ 3.500, variando conforme a localidade e o nível de escolaridade.
Quando a sociedade tenta medir o invisível, ela se depara com a ironia de transformar gente em números.
Os 58 postos temporários do IBGE são mais que vagas: são pontos de partida para um debate sobre quem realmente controla a informação.
Afinal, quem coleta os dados detém o poder de narrar a realidade, ainda que de forma temporária.
É imprescindível que esses agentes não sejam apenas peças mecânicas, mas atores conscientes da sua responsabilidade.
Assim, a ampliação para quase 10 mil contratos deve ser acompanhada de um sólido programa de formação ética.
Sem essa base, a estatística vira mera propaganda.