Quando Benito Antonio Martínez Ocasio, rapper conhecido como Bad Bunny lançou a residência "No Me Quiero Ir de Aquí" no Coliseo de Puerto Rico, o impacto imediato foi muito mais que música: cerca de US$ 200 milhões começaram a circular na economia local, gerando empregos, turismo e um novo orgulho nacional.
A série de 30 shows, que começou em 12 de julho de 2024 e segue até 17 de outubro, ocupa o Coliseo, que tem capacidade para 18 mil espectadores. Cada noite reúne fãs de todas as partes do Caribe, dos Estados Unidos e da Europa, transformando a Capital em um ponto de encontro cultural.
Contexto histórico e cultural
Puerto Rico vem lutando contra os danos deixados por furacões em 2017 e a crise elétrica que se agravou em 2021. Esses eventos provocaram uma onda de migração de jovens talentosos para o continente, deixando lacunas em setores criativos. O governo, sob a liderança de Jenniffer González Colón, governadora, tem buscado estratégias para reverter esse êxodo.
Segundo González Colón, a visita de Bad Bunny pode funcionar como "um sopro de esperança que mostra ao mundo que Puerto Rico ainda tem muito a oferecer".
Os bastidores da residência
O empreendedor argentino Nico Kogan, dono da Fábrica del Ritmo, descreveu o projeto como "a convergência perfeita entre tecnologia e música latina". Kogan, que fundou a Fábrica em 2019 próximo ao Coliseo, vê a residência como uma vitrine para a cena musical local.
Os ingressos variam entre US$ 85 e US$ 150, com pacotes VIP que incluem acesso a festas exclusivas na própria "Fábrica del Ritmo". Até o momento, mais de 400 mil bilhetes foram vendidos, superando as previsões iniciais de 300 mil.
Reações de quem vive a ilha
Para Edna Brayfield, mãe de duas crianças que trabalhavam na Califórnia, a residência foi o motivo de um reencontro familiar. "Meus filhos voltaram porque queriam sentir o ritmo da nossa terra", contou emocionada.
Já a professora Vanessa Díaz, da Loyola Marymount University, incluiu um módulo sobre Bad Bunny em sua disciplina de Estudos Culturais Latino‑Americanos, destacando como o artista transcende a música para influenciar debates sobre identidade e migração.

Impacto econômico mensurado
- Estimativa de US$ 200 mi injetados em hotéis, restaurantes e serviços de transporte.
- Criação de 2.300 empregos temporários, principalmente nas áreas de produção, segurança e hospitalidade.
- Aumento de 18% no fluxo de turistas internacionais entre julho e setembro de 2024, segundo o Departamento de Turismo de Puerto Rico.
- Receita fiscal adicional de aproximadamente US$ 12 mi para o governo local.
Esses números foram confirmados por um relatório do Instituto de Desenvolvimento Econômico de San Juan, que apontou ainda que a demanda por energia elétrica durante os shows levou a uma melhoria nas redes de distribuição, estimulada por investimentos emergenciais.
Desafios e perspectivas futuras
Apesar do entusiasmo, a infraestrutura ainda apresenta fragilidades. A governadora González Colón reconheceu que "há trabalho a fazer" nos sistemas de água e energia, mas afirmou que o sucesso da residência pressiona o governo a acelerar as obras.
Analistas da Bolsa de Valores de San Juan preveem que, se o modelo for replicado por outros artistas de alcance global, Puerto Rico pode consolidar-se como um hub de eventos culturais latino‑americanos, gerando um efecto multiplicador nos setores criativos.
Conclusão: mais que um espetáculo
Bad Bunny não está apenas enchendo o Coliseo; está reescrevendo a narrativa de um território que, por décadas, foi associado apenas a desastres naturais. A combinação de música, orgulho cultural – simbolizado até pelo famoso "pava" de palha que ele usa – e investimento econômico está criando um novo capítulo para a ilha.

Perguntas Frequentes
Quanto custam os ingressos para a residência de Bad Bunny?
Os valores vão de US$ 85 a US$ 150, com pacotes VIP que podem chegar a US$ 300, incluindo acesso a festas exclusivas nas áreas da Fábrica del Ritmo.
Quantos turistas internacionais foram atraídos pelos shows?
Entre julho e setembro de 2024, houve um aumento de 18% no número de visitantes estrangeiros, segundo dados do Departamento de Turismo de Puerto Rico.
A residência gerou melhorias na infraestrutura da ilha?
Sim. Para garantir energia estável nos dias de show, foram realizados investimentos emergenciais nas redes de distribuição, que devem beneficiar também residentes e outros negócios.
Como a comunidade acadêmica está usando o fenômeno Bad Bunny?
Professores como Vanessa Díaz da Loyola Marymount University criaram disciplinas que analisam seu impacto cultural, social e econômico, mostrando que a influência do artista vai além da música.
Professores como Vanessa Díaz da Loyola Marymount University criaram disciplinas que analisam seu impacto cultural, social e econômico, mostrando que a influência do artista vai além da música.
O que acontece após o término da residência?
Especialistas esperam que o sucesso abra caminho para outros grandes concertos e festivais, consolidando San Juan como destino preferido para turnês internacionais, o que pode gerar receita contínua para a economia.
Essa grana vai mudar a ilha, finalmente.