Na última quinta-feira, o mercado testemunhou uma surpreendente valorização das ações da Americanas, que dispararam 108,6%, encerrando o pregão a R$ 7,01. Este resultado notável pode ser diretamente associado à divulgação do relatório financeiro do terceiro trimestre de 2024, que trouxe boas notícias para os investidores e analistas, indicando uma reviravolta significativa diante dos desafios enfrentados pela empresa nos anos anteriores. A Americanas reportou um lucro líquido de R$ 10,3 bilhões, revertendo assim uma perda de R$ 1,63 bilhão registrada no mesmo período de 2023. Este resultado não apenas surpreendeu o mercado, mas também evidenciou a execução bem-sucedida do plano de recuperação judicial da empresa, que incluiu a quitação de dívidas com credores, promovendo uma reestruturação estratégica e financeira.
O sucesso recente da Americanas se deve a uma combinação de fatores estratégicos e operacionais. A empresa conseguiu aumentar sua receita líquida consolidada em 0,6%, atingindo R$ 3,2 bilhões. Esta é a primeira vez desde 2022 que a empresa nota um crescimento anual, e isso foi impulsionado por suas operações tanto físicas quanto online. Vale destacar que a recuperação não se restringe apenas à questão financeira, mas também à sua presença de mercado, com melhorias notáveis em sua oferta ao consumidor e no fortalecimento de sua marca. Durante uma teleconferência com analistas, o CEO Leonardo Coelho destacou que a Americanas está empenhada em manter esta trajetória positiva, reconhecendo, no entanto, que o mercado continua desafiador e que há um longo caminho a percorrer para garantir a sustentabilidade deste crescimento.
As reações do mercado foram intensas diante dos resultados financeiros divulgados, refletindo-se num volume de negociação que atingiu expressivos R$ 188 milhões, quase três vezes o volume do dia anterior. Este aumento na negociação foi marcado por várias interrupções nas transações devido à oscilação significativa dos preços das ações, um sinal da alta volatilidade e do interesse renovado nos papéis da empresa. Analistas da XP, como Danniela Eiger, Gustavo Senday e Laryssa Sumer, observaram que a Americanas demonstrou uma melhora significativa nos níveis de lucratividade, embora tenham advertido que o crescimento continua pressionado por diversos fatores econômicos e de mercado.
A recuperação apresentada pela Americanas nos resultados do terceiro trimestre pode servir de modelo para outras empresas em situações semelhantes, mostrando que com um planejamento estratégico sólido e execução disciplinada, é possível superar crises financeiras profundas. A conclusão bem-sucedida de seu plano de recuperação judicial destaca a importância de se estabelecer uma comunicação clara e contínua com credores e stakeholders, mantendo o foco na recuperação e no crescimento sustentável. Além disso, a reestruturação interna e o foco na digitalização também tiveram papéis cruciais nesta virada. A empresa poderá agora concentrar seus esforços na manutenção desse crescimento e na consolidação de sua posição no mercado, aproveitando as lições aprendidas durante o processo de recuperação para futurores desafios.